No decorrer do último mês e mais propriamente no fim da pseudo relação um sentimento de culpa bateu e bateu fundo.
O facto de me ter envolvido de forma mais íntima com a pessoa por quem me sentia a apaixonar. Apesar, de saber que não sou uma adolescente, que não me precepitei e até ter gozado com a situação (pois não estava com ninguém dessa forma há demasiado tempo e diga-se não podia ter corrido pior) senti em mim uma enorme culpa por ter cedido ao meu desejo carnal. Não sei se vem do facto de ser de uma família extremamente religiosa, se da velha crença que nós mulheres não devemos ceder a esses belos desejos.
Senti uma certa vergonha e senti-me mesmo muito mal quando percebi que a relação não ia funcionar, pois além de ser-mos de mundos oposto haviam coisas que não poderia suportar.
Esta coisa de que nós mulheres não podemos ser seres tão sexuais quanto os homens afetou-me e nunca pensei que eu com os meus 26 anos me deixa-se afetar por tal culpa.
Sou crente fiel que todas as mulheres devem saber manter o respeito e a postura, mas que também devem e bem desfrutar do seu desejo carnal e poder viver uma paixão tórrida com o seu companheiro.
Mas quando me apercebi que aquele não ia ser mais o meu companheiro e que íamos mesmo ficar por ali bateu o estigma e a culpa parva.
Acho mesmo que por algum motivo a linha da minha liberdade sexual bateu com a linha de achar que todas devemos ser senhoras difíceis de "ter".
Não sei bem explicar o que aconteceu nesta cabeça, mas aconteceu.
Aconteceu na minha cabeça e na voz de uma amiga próxima que me questionou em tom reprovador se certas coisas tinham acontecido.
E sim eu na casa dos vinte e em pleno ao 2014 senti o estigma de: "és mulher não devias ter deixado isso acontecer!"
Não percebo nem porque a minha cabeça está assim formatada, nem porque a cabeça dessa minha amiga que ainda é mais nova que eu também está.
Porque raio quando um rapaz diz que foi para a cama com uma rapariga esboçamos um sorriso e só lhe perguntamos no máximo se se protegeu e a uma mulher lhe pergunta-mos se tinha certeza, se gosta dele, se a relação é seria? Porque não esboça-mos um sorriso e simplesmente perguntamos: "protegeste-te?"
Porque não podemos ser seres sexuais?
Porque senti eu culpa quando agora pensando e olhando para trás sei que não há motivo?
Quando vamos desformartar esta cabeça e ver verdadeiramente as mulheres como seres equivalentes aos homens nestas questões?
Até onde vai esta formatação social?